I Can Fly (roteiro)

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Dois adolescentes, um garoto e uma garota, a beira de um precipício.

- Eu posso voar – diz, ela, sorrindo.
- Não, você não pode. – retruca, ele, já irritado.
- Quer ver? – diz ela em um tom desafiador.

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- Pare com isso agora e se afaste deste precipício. Nós não viemos aqui pra ficar de brincadeiras bobas desnecessárias.

A garota, que antes mantinha um enorme sorriso, aborrece-se.

- Eu não estou de brincadeira. O que eu disse é verdade! – ela dá uma pausa - EU POSSO VOAR! – grita para a imensidão vazia daquele precipício.

O garoto mantem-se olhando seriamente aborrecido para ela.

- Você não acredita em mim, não é? – diz ela.

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- E como eu poderia acreditar? Você sempre se comportou como uma criança, inventando essas baboseiras infantis e acreditando nelas.
- Não são baboseiras infantis, são verdades. Há mais verdades nas palavras espontâneas de uma criança do quê em palavras calculadas de adultos.
- Ha! Lá vai começar com essas palhaçadas. Cresça! Senão não tem como continuarmos do modo que estamos. Deixe suas fantasias de lado e caia sobra a realidade.
- Como podes saber que sua realidade não passa de uma fantasia?

Ele mantém-se quieto. Ela prossegue.

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- Prefiro minhas supostas fantasias. Para mim elas são reais. Tão reais quanto as asas que me permitem voar.
- Você não pode voar! – ele grita já raivoso
- Sim! Eu posso voar! – berra ela.
- Então voe!

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A garota deu um sorriso infantil, e, quase simultaneamente, deixou seu corpo repousar levemente, feito uma pétala, sobre o ar vagante do precipício; ela deixou-se cair.

- Não! – o garoto gritou desesperado. Ele não esperara que ela fosse realmente fazer aquela atrocidade – Não faça isso!

Tarde demais. As mãos dele não foram ágeis e reais o suficiente para alcançar as mãos fantasiosas dela, que foram descendo, e descendo, levando aquele longo vestido branco, junto.
Ele correu até a ponta do penhasco, caindo ajoelhado à beirada.

- Nãã-

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Antes mesmo que ele pudesse completar sua palavra negativa, deparou-se com o inacreditável, o inadmissível, o voar daquela moça de vestido.

- M-mas... O que?!

As asas dela eram brilhantes e ultrapassavam a construção da imaginação; lembrava as asas de uma borboleta. A garota mantinha um sorriso no rosto.
Ela, batendo magnificamente, de modo gentil, as asas, ergueu-se a ponto que fizesse o garoto levantar-se do chão.

- V-você está voando. – diz, ele, surpreso.

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- Como eu dissera. Eu posso voar.
- Mas isso não faz sentido.
- Se pensares bem, nada faz sentido.

Houve uma pausa e os dois continuaram a entreolharem-se.
Ela estendeu a mão a ele.

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- Venha... – disse ela, com sua doce voz e vestidos ao vento.
- Não. Eu não... – ele diz hesitante a ideia subposta por ela.
- Basta acreditar.
- Eu...
- Você também pode voar.

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Ele lentamente estendeu a mão até que seus dedos tocassem os dela e entrelaçassem-se entre si. E em um ato sem sentido, duas asas brotaram dele, e assim ele também pôde voar.

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“Acredite em mim. Você também pode voar”.

“Basta estender as mãos e acreditar”

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“Que suas asas revelar-se-ão.”

“E o céu será apenas mais uma pintura a ser ultrapassada.”

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“Voe”

Fim.