Rumo a Lua

Página 1:
Quadro 1: Foque nos pés do protagonista uma criança correndo em direção a um porto.
Caption 1: Sem saber ser era medo de perde-la ou por amor...
 
Linha 2:
Quadro 2: Dois galeões, um português e outro holandês, ambos em chamas estão naufragando enquanto um dispara contra o outro.
 
Linha 3:
Quadro 3: Agora o protagonista de corpo inteiro correndo em direção ao porto.
Caption 3: Eu apenas corria em direção aquele porto.
 
Linha 4:
Quadro 4: Uma caravela já no horizonte, o protagonista de costas para “nois” cansado, recuperando o fôlego.
Caption 4: Mas ela já tinha partido.
 
Página 2:
Linha 1:
Quadro 1: O protagonista criança de joelhos e cabeça baixa no porto, temos uma imagem frontal dela.
Caption 1: A única coisa que sei...
 
Linha 2:
Quadro 2: O protagonista já nos tempos atuais, agarrado no navio através de sua espada, sua expressão é de espanto. Com uma mão em cima de seu ferimento na barriga que está sangrando muito.
Caption 2: É que aquela manhã mudou tudo.
 
Linha 3:
Quadro 3: O pai do protagonista estendo a mão, um fantasma ou uma lembrança, ele sorrir.
Caption 3: Lembro-me vagamente de meu pai.
 
Linha 4:
Quadro 4: A mesma cena do protagonista criança caído de joelhos no porto, mas agora é a noite.
Caption 4: Nunca conversamos muito, o mar era sua casa, sempre estava a descobrir terras desconhecidas em nome do rei.
 
Página 3:
Linha 1:
Quadro 1: O protagonista criança ainda de joelhos e seu pai ao seu lado em pé com uma mão sobre o ombro do protagonista enquanto segura uma garrafa de bebida com a outra mão. A Lua está gigantesca na frente deles.
Caption 1: Naquela noite, ele me disse, com toda a sabedoria de um homem do mar bêbado “ Eu só conheço dois tipos de pessoas”.
 
Linha 2:
Quadro 2: Foco no rosto do protagonista, ele olha o horizonte, a Lua magnificamente reflete em seus olhos.
Caption 2: As que ficam aqui paradas a olhar a costa, talvez sonhando no que está além do horizonte.
 
Linha 3:
Quadro 3: O pai estendo a mão para o protagonista, igual no primeiro quadro que ele aparece, mas aqui não é como se fosse um fantasma.
Caption 3: E as que ousam a ir além da costa e contemplar as maravilhas e os temores que há lá. Qual desses você quer ser, pequeno?
 
 
Linha 4:
Quadro 4: O pai e o garoto saindo do porto (estão de costas para o público), o protagonista está com a cabeça virada em direção ao público, com um ar de curiosidade, seduzido pela costa e pela Lua.
Caption 4: Decidi que iria além da costa... Eu a veria novamente.
 
Página 4:
Linha 1:
Quadro 1: O protagonista adulto, novamente agarrado a espada, ele está bastante suado, sua mão está quase se soltando da lâmina.
Caption 1: E agora aqui estou... Contemplando além da costa a minha morte.
 
Linha 2:
Quadro 2: O protagonista caindo do galeão, ele está assustado, tentando desesperadamente a se agarra na lâmina, sua única oportunidade de sobreviver.
 
Linha 3:
Quadro 3: O protagonista caindo, agora de braços abertos e olhos fechados.
Caption 3:  Só me resta agora me agarrar em lembranças, em velhos sonhos juvenis.
 
Linha 4:
Quadro 4: O protagonista criança brincando com a menina que ele vive citando pelos quadros afora... Estão brincando com um pião.
Caption 4: Não precisamos ser adultos.
 
Página 5:
Linha 1:
Quadro 1: Temos uma visão do protagonista boiando no mar, há muito sangue saindo dele, nossa visão é debaixo dele, como se estivéssemos mergulhados no mar.
Caption 1: Mas crescemos mesmo assim... E há tantos fardos... Poderia simplesmente descansar?
 
Linha 2:
Quadro 2: Os dois galeões, já quase completamente afundados, há muitos corpos no lugar, o protagonista se agarra a um destroço.
Caption 2: Não! Eu não posso morrer agora... Não sem encontra-la antes.
 
Linha 3:
Quadro 3: O protagonista de costas para o público agarrado no destroço, ele observa a Lua.
Caption 3: Desde o momento que ela partiu, tenho olhado a Lua... Ela dizia que o paraíso seria lá...
 
Linha 4:
Quadro 4: O protagonista usando o destroço como boia, tenta nadar até a Lua que jaz no horizonte. Ele vai deixando uma trilha de sangue para trás.
Caption 4: Lá poderíamos ser crianças novamente, estaríamos a salvo de tudo e de todo o mundo.
 
Página 6:
Linha 1:
Quadro 1: O protagonista agora está parado, tentando recuperar o fôlego para tentar seguir novamente com seu plano.
Caption 1: Ás vezes, a esperança é cruel. Por mais que nade, mais distante a Lua fica... Minha mãe tinha esperança... Uma ilusão a se agarrar de que meu pai sempre voltaria.
 
Linha 2:
Quadro 2: O protagonista garoto se despedindo da caravela de seu pai ao lado de sua mãe, há várias pessoas se despedindo também, assim como outras caravelas desaparecendo no horizonte.
Caption 2: Em 1578, meu pai partiu com Dom Sebastião rumo aos mouros em uma nova cruzada em nome de nosso redentor Jesus Cristo.
 
Linha 3:
Quadro 3: A mãe do protagonista, rezando perante uma imagem de São Nicolau de Mira, o santo protetor dos marinheiros.
Caption 3: Nem ele e nem o rei voltaram... A nação esperava o retorno de nosso rei, minha mãe o de meu pai.
 
Linha 4:
Quadro 4: O protagonista agora nadando novamente em direção a Lua, não sei qual seria o melhor ângulo.  Creio que ele esteja determinado.
Caption 4: Esperas em vão, mas a esperança ainda nos fazia esperar, fazíamos vê-lo em cada caravela que se aproximava no horizonte e agora, ela me faz nadar em vão...
 
Página 7:
Linha 1:
Quadro 1: Vista isométrica e distante, do protagonista nadando rumo a Lua.
Caption 1: Rumo a Lua, rumo a minha última ilusão.
 
Linha 2:
Quadro 2: Foco no rosto do protagonista, ele está com um sorriso leve, admirando a Lua enquanto nada com suas últimas forças rumo a ela.
Caption 2: Ah!... As ilusões...
 
Linha 3:
Quadro 3: Foco na Lua no horizonte.
Caption 3: As mais doces são as de Lua...
Caption 4: Que me fazem voltar ao tempo... Já não noto mais a Morte.
 
Página 8:
Linha 1:
Quadro 1: Foco na trilha de sangue do protagonista
Caption 1: O que não significa que ela não esteja chegando.
 
Linha 2:
Quadro 2: O protagonista já aparece pálido, frágil... Já não tem mais energia.
 
Linha 3:
Quadro 3: O protagonista adentra a neblina.
Caption 3: Uma neblina surge... Seriam as nuvens do céu?
 
Página 9:
Linha 1:
Quadro 1: Enquanto nada lentamente, como se cada movimento fosse uma grande batalha, o protagonista se esforça pela última vez.
Caption 1: Então me lembro do meu capitão... Sua aparência era frágil, seu orgulho não.
 
Linha 2:
Quadro 2: O protagonista parado, enquanto seu sangue se espalha ao seu redor.
Caption 2:  Quando cruzamos com o galeão holandês, ele disse “O Destino bate em nossa a porta, só nos resta engolir qualquer expectativa, abrir a porta e encará-lo... Um homem não é mais que um homem... O fadário não passa de um fadário... O holandês sangra tão bem quanto um português”. Logo depois uma bola de canhão o atingiu... Era um bom homem.
 
Linha 3:
Quadro 3: Foco no rosto do protagonista, seus olhos se fechando.
Caption 3: Então entrego-me a morte.
 
Quadro 4: O corpo do protagonista se esconde na neblina. Só podemos ver a lua gigantesca e brilhante ao fundo.
 
Página 10:
Linha 1:
Quadro 1: Agora vemos o protagonista sair da neblina seu corpo agora é da criança que foi.
 
Linha 2:
Quadro 2: Ele bate em uma ilha pálida, sem árvores, sem nada, as estrelas brilham, tão belas como nunca poderíamos ver.
 
Linha 3:
Quadro 3: O protagonista acordando.
 
Linha 4:
Quadro 4: Foco no rosto da menina sorrindo.
 
Página 11:
Linha 1:
Quadro 1: Ele sentado ao lado dela.
 
Linha 2: As mãos deles se pegando.
 
Linha 3:
Quadro 3: Eles observando o Sol nascer do outro lado da Terra.
Caption 1: E já podemos ser crianças mais vez...
 
Linha 3:
Quadro 3: Vemos distantes, o jovem casal sentados em cima da Lua.


Legenda: Fim